ULTRAPASSAR OS LIMITES NÃO É UM ERRO MENOR DO QUE FICAR AQUÉM DELES. ( CONFÚCIO)

A VIDA COMEÇA NO FINAL DA SUA ZONA DE CONFORTO!!!

quinta-feira, 1 de dezembro de 2011

Bolívia - Downhill na Estrada da Morte

Domingo, 31 de julho de 2011


Marquei de encontrar o Marcel logo cedo na agência que seria responsável de nos levar à uma cidade da Bolívia chamada Coroico para fazer o Downhill na estrada da morte.

Cheguei na agência que ficava na Calle Sagarnaga (cruzamento com a Illampu), e ao aguardar o Marcel que ainda não chegara, notei um menino loiro com o cabelo mais bizarro que já vi na vida, fiz amizade com ele.. ele se chamava Jake, era inglês e que tortura falar inglês com ele!

Acho que ficar mais de 15 dias falando espanhol me deixou muito mal acostumada e me regrediu mais do que já sou regredida naturalmente no inglês.. rs mas conseguimos conversar por entre mímicas, caça palavras-sinônimo.. e um belo de um portuglês requintado com um “Q” español! Rs
O Marcel chegou... dei aquele abraço no parceiro! E seguimos pra van que iria nos levar ao nosso destino.

O desnível do Downhill é de aproximadamente 3.000 metros iniciando aos 4.700 metros acima do nível do mar.. percorrendo 21 km das 10 da manhã até as 16 horas da tarde finalizando aos 1.600 msnm.



Quem for pra Coroico.. eu realmente recomendo roupas de calor! Apesar de estar inverno na Bolívia e de La Paz ser um lugar onde se faz muito frio.. e parecer insano levar roupas de calor: vai na minha: "LEVE!" Coroico te dá a sensação de que você está no Brasil.

Alem de montanhas demasiadamente verdes como as nossas.. faz um calor que lembra e muito nosso país tropical. Dizem que La está a Selva boliviana e é realmente de tirar o Fôlego!



O Inicio do percurso.. começamos no asfalto, colocamos as roupas apropriadas, um tanto mais resistente para alguma possível queda, comigo estava eu o Marcel, o Jake, dois bolivianos com o pai, e depois nos aliamos a outra agencia que só tinha caras chilenos e espanhóis.

É.. de mulher só tinha eu e a boliviana o resto se totalizava em 14 caras.




Eu dou um doce pra você adivinhar quem é a unica retardada dos braços pra cima.


Marceu, eu e Jake

Depois de uns 20 minutos ou meia hora de descida paramos em um lugar onde compraríamos o ingresso pra descida na estrada da morte. Não vou me recordar de valores... mais não era alto. Depois do ingresso comprado entramos na van, onde ela não parava de subir, iríamos pra segunda etapa do downhill : uma descida de estrada de terra, onde se faz necessário ficar freando o tempo inteiro! cheia de pedras relativamente grandes, sem proteções , guarde-rei, nada do gênero.. apenas memoriais de pessoas que faleceram naquela estrada e o abismo aguardando ser observado rapidamente enquanto passamos de bike ou a nossa queda.




Fui cautelosamente, não era a minha intensão cair,Tinha horas que meus tendões das mãos doíam de tanto que eu ficava freando... então quase que por minutos.. eu relaxava as mãos.. soltava o freio... corria a mais de 60 km por hora.. ao som de uma boa trilha sonora de Metallica no ultimo volume do meu MP3, até a próxima curva! Kkk



Cada curva era um cagasso... o medo de cair era grande... por que não havia ninguém por mim... nenhum guia estava no controle da minha bicicleta..e se eu falhasse não haveriam backup’s, ou acertava ou acertava.




Em alguns momentos parávamos pra tomar uma coca-cola.. uma água.. Eu não vou ter tantas fotos boas... por que nãoo usei minha maquina no downhill só tive fotos da agencia que por sinal não foram tããão boas assim.



Eu até levei minha câmera.. mas haviam fotos do pequeño Alpamayo! E NEM A PAU JUVENAL que eu iria correr o risco da minha câmera voar abismo abaixo e perder aquela raridade! Rs

Preferi deixar a câmera com o guia.. segura de tudo e todos.. e longe do meu jeito estabanado e muito atrapalhado que seria capaz de fazer sumir todas as imagens que conseguira no condoriri.

Bom... os bolivianos já eram... o menino e a menina caíram no meio da estrada.. (ainda bem que não foi no abismo rs ) aí.. já broxaram.. o pai deles ficou puto.. foi até na delegacia dar queixa da agencia.. (????????????????????? É.. Tb me perguntei pq... rs )








Só sobrou a Isabelle de mulher... cheguei invicta.... confesso que me desiquilibrei e cai no canteiro próximo ao barranco num dos ultimos kms.. não no abismo.. claro.. do contrario não teria condições de estar viva pra contar.. kkk (caí próximo à paredona de barro.. do lado oposto do perigo) masssssssssss como não me estrepei.. me considero invicta.. nem encostei a bunda no chão! Se não encostei.. tecnicamente não cai. Hááá!





Finalizamos o percurso aos 1.600 metros de altitude.. depois de um longo dia tremilicando na estrada de terra boliviana mais perigosa do mundo.. ao som de um ótimo rock’n’roll.



Depois fomos a um hotel almoçarmos (estava incluso no pacote.. ) havia piscina.. mais não havia tempo habil nem pra tomar banho.. rs almoçamos e voltamos  pra La paz.. cansadíssimos.. perto das 8 horas.. por tanto não se iluda: downhill não é programa de meio período.. é um programa que ocupa o dia inteiro! E a melhor coisa que eu fiz na vida foi faze-lo depois das montanhas... se não eu não teria condições de dar um passo em neve.. com o corpo dolorido do dia seguinte!


Marcel

Jake com o cabelo "bufalo soul jaaaah"...

A noite em La paz.. morta.. resolvi tomar um super café com chocolate no Alexander coffeee onde virei fã numero um e freqüentadora de carteirinha... pra minha sorte estava na FOX passando os simpsons.. a voz do Simpson dublada em espanhol é assustadora! e o Homer se chama HOMERO... tosco neh!? (curiosidades uteis pra vida).



Fiquei curtindo minha preguiça... e depois fui Pra o hostel ACABADA! tomei um banhoe desmaiei na cama.
Segunda-Feira, 01 de Agosto de 2011

Acordei de manhae pude ver no "meu quarto" duas figuras diferentes. Dois caras Alemães falando d forma intradutível.. rs eu tava com a boca toda queimada do frio..e dormi com HIPOGLOS na boca.. acredite.. eu naõ tenho senso do ridiculo mesmo.

Mas é claro que eu fiquei eperando os caras sairem correndo do quarto pra e levantar correndo pra lavar o hipoglos e me livrar do papelão de me verem naquele estado!rs

Tomei um banho. e ao sair.. disse um timido OI. sai por La Paz e fui fazer compras por la paz. sai com a cargueira vazia.. pra botar as compras.. la tem bastante lojas na calle Illampu, e foi la onde praticamente comprei tudo o que eu precisava.

Passear pelas ruas de La Paz é uma delicia.. até mesmo sozinha... nas lojas... nas ruas... as pessoas me paravam... quando sabiam que eu era brasileira.. acho que na bolivia em época de ferias... existem mais brasileiros do que os proprios bolivianos.. rsrsrs todos mto brothers.. todos na mesma pegada de mochilada, trocando dicas... experiencias...é algo unico.

Passei tambem por uma igrejinha que encontrei no caminho... e na hora que me levantei pra ir embora.. começou uma Santa Missa. Acabei sentando novamente e participando.
Fiquei Observando como era o comportamento das pessoas na igreja durante a santa missa.. nada tão diferente do brasil.. a não ser um momento: depois da consagração do corpo de cristo.. na hora das pessoas irem comungar... ninguem se levantou. (?????????????????????????????)

Ninguem foi comungar... somente o padre comungou.. e os ministros que estavam ajudando.
Fiquei com isso na cabeça.. e acho que eu ia ter formigas na calça se nao perguntasse por que ninguem comungou.. onde ja se viu? o povo naõ poder comungar?

Enfim... ao encerrar a Santa missa.. fuí até o altar e perguntei com o meu portunhol horrivel. POR QUE as pessoas não comungaram! e se o povo naõ podia comungar! o cara olhou pra mim.. com um ar pacifico, e me respondeu que todos podem comungar.. e que se ninguem se levantou.. é por que ninguem se sentiu preparado para receber o corpo de cristo.

Vai saber neh? enfim... foi algo bem diferente! rs
ja estava acabando o dia.. minha mochila estava bem cheia..eu tava parecendo a dona maria muambeira do  paraguai e voltei pro hostal.

Encontrei a Verô e a Lisa, e elas me disseram que haviam mais voluntarios alemães que estavam por la.. e aos poucos foram e apresentando à todos! Me recordo do Florian (Floppy) e um menino que tinha um nome complicado.. e mais algumas alemãs.


Tomamos um cadin de wisk ficamos batendo papo e ainda fomos na balada... no hotel loki! Não achei a melhor balada mas deu pra descontrair com o pessoal!

Terça Feira, 02 de Agosto de 2011

Acordei com uma ressaquinha básica.. fiquei com o pessoal no hotel.. descansando e assistindo um filme que não vou me lembrar do nome.. andei pelas ruas de La Paz com a Lisa e a Veronica.. (duas alemãs) à tarde pra ver na rodoviaria que horas sairia o ônibus para Uyuni e me dei conta que era dentro de muito pouco tempo: as 18:30pm.

Fui pro hostal correndo.. e arrumei minhas malas.. ainda passei no salão de cabelereiro e ainda fiz um dread com as cores pra Bolívia. Peguei a estrada sentido Uyuni, eu iria viajar a noite toda.





terça-feira, 15 de novembro de 2011

Pequeño Alpamayo: Face à Face.

Pequeño Alpamayo - Bolívia


Quinta- Feira, 28 de julho de 2011
Acordei Com o Rafa fazendo barulho e se arrumando pra seguir seu rumo sentido Isla Del sol, me despedi dele e comecei a me preparar para o grande momento e objetivo da minha viagem: Escalar o Pequeño Alpamayo.
Ainda com vestígios da gripe.. porém muito melhor que o dia anterior, o Medo de não conseguir o Pequeño Alpamayo já me bastava... não necessitava de uma Gripe: aumentava minha apreensão. Eram muitos medos, e uma esperança.
Em comparação ao Huayna Potossi (6.088msnm) o Pequeño Alpamayo era Menor, medindo aproximadamente 5.420 metros de altitude, isso significa que na faixa de altitude do Alpamayo eu não havia passado mal até então (pois no Huayna comecei a sentir algo na faixa de 5.600m). Isso era um ponto mais do que positivo pra mim, afinal, em alta montanha o gigante a ser enfrentado era a Altitude, entretanto, mesmo com este pensamento positivo eu ainda estava apreensiva, com um medo danado de não conseguir, além de se tratar de uma montanha de Graduação Alpina AD (Algo Difícil) sendo um pouco mais trabalhosa e técnica que o Huayna.
Tomei um taxi por 10 bls até a calle Illampu e me dirigi novamente até a Albert, foi quando conheci na salinha de equipamentos o Marcel, Paulista que estara pela primeira vez subindo uma montanha e encararia comigo o P.A..
Entramos na Van e aconteceu algo curioso.. quando estávamos esperando o nosso super guia ALEX, acho que a van não podia ficar parada La na calle Illampu.. e um guardinha invés de deixar um papelzinho de multa como aqui no Brasil, foi lá e lascou um mega adesivo bem no vidro do carro “INFRATOR” kkkk mto bom!
Todos à postos.. fomos sentido condoriri.. a viagem demorou algumas horas.. talvez 2h se não me falha a memória. 






  

Chegamos a Cidade de Tuni, um povoado simplezinho.. com casas de barro.. onde se via poucas pessoas do lado de fora das casas... o silêncio, o céu azul, o sol e o tom bege com marrom é o que me faz lembrar de lá.




Deixamos nossas cargueiras e equipamentos para serem levados por burricos e seguimos uma caminhada de quase 3 horas apenas com água em nossa mochila de ataque.
Passamos pela Laguna TUNI, um lago com água de desgelo, azul da cor do céu e com trutas reproduzidas por pessoas da região.







Fizemos uma parada, e comemos um almoço gelado.. sentados na grama no meio do caminho.. foi onde conheci o Nico, Um israelense que vive no Canadá e estava na Bolívia para fazer várias montanhas, gente FINÍSSIMA! Seguimos nosso Caminho até a Laguna Chiarkota onde montamos nosso acampamento.





 


Eu estava um pouco preocupada em relação à gripe.. então depois de jantarmos eu não fiquei muito tempo do lado de fora. Tomei um Chá quente de mel com limão e Tapsan e entrei dentro da barraca pra me aquecer, descansar.. pois quando acordasse à meia noite, faríamos o tão esperado ataque e eu precisava estar bem. Lembro-me antes de dormir ter pedido à Deus uma boa Ascensão e que essa gripe não interferisse em nada.
Sexta feira, 29 de Julho de 2011
Acordei com a voz do Alex do lado de fora da barraca chamando "I'ss'abelle..!" já era a hora de se arrumar para seguirmos em ataque. Desta vez não estava com as roupas fornecidas pela agência, pois no Huayna quando os guias viram minha calça da Queshua e meu anorak da Salomon.. falaram pra que eu não usasse da agência.. já que eu estava com um equipamento bons.. ou seja... meu equipamento utilizado no Brasil estava de bom tamanho para enfrentar a montanha e de fato me serviu e muito sem me causar nenhum perrengue (para as montanhas que fiz.).
Como de prache tomamos um “café da manhã” leve e um bom mate de coca, eu enchi a minha garrafa térmica (nova) de mate invez de levar água (por que no Huayna meu camel back congelou no cano) e seguimos de Botas de trekking, levando todo o resto do equipamento na mochila de ataque.
Tinhamos pela frente uma hora de caminhada Até chegar na parte de gelo onde necessitaríamos de grampones. Estava tudo escuro.. e fizemos esta caminhada de headlamp num ritmo forte.. eu estava MEGA empolgada.. a gripe estava 99% curada, fisicamente estava bem.. psicologicamente também! Tudo estava ao meu favor.
Apesar do clima extremamente frio da madrugada.. logo o calor chegou.. abri algumas camadas de fleeces para refrescar. Chegamos na parte nevada onde paramos para trocarmos os calçados. Deixamos nossas botas em baixo de uma pedra, e colocamos as botas para neve, os grampones e iniciamos com garra.
Na frente estava o Alex, eu no meio e o Marcel atrás de mim, todos unidos pela mesma corda numa distância de um metro e meio ou dois. Eu estava completamente diferente do Huayna, minha resistência física tinha melhorado 300%, acredito que fisicamente.. meu corpo apanhou bastante então eu estava bem condicionada, não sentia tanto peso das botas.. e a altitude também não me afetava. Seguimos muito bem nossa caminhada. Lembro-me de estar caminhando e ver de forma muito rápida uma estela cadente. Inesquecível.
Para conquistar o Alpamayo, é necessário subir uma rampa que fica ao lado de uma montanha que chamam de Pirâmide Blanca, depois seguirmos para o cume do Tarija (onde somente de lá é possível enxergar o Alpamayo), e descendo o Tarija inicia-se a ascensão.
Nesta Rampa de neve, senti a corda puxar, era o Marcel que estava diminuindo o ritmo, quando olhei pra ele.. Pude ver como num espelho o marcel igual à mim na ascensão ao Huayna: muito cansado.. provavelmente sentindo o peso da bota, e a altitude. Olhar pra ele era como me ver dias atrás. Ele dava 5 passos e sentia-se cansado.
Primeiro de tudo: coloquei na minha cabeça que se ele passasse mal.. voltaríamos sem problema nenhum, afinal montanha é assim e eu não faria diferente de como o Rafa agiu comigo no Huayna. Se um dia alguem voltou por mim.. no outro dia eu posso voltar por alguém sem problemas. Depois, eu tentei deixar ele o mais a vontade possível, disse que faríamos o ritmo dele.. que caminharíamos mais devagar.. e assim prosseguimos.
Paramos pra tomar um mate e eu na minha ausênscia de inteligência sem igual.. sei lá o que se passou pela minha cabeça! Talvez eu tivesse confundido a garrafa térmica com uma garrafa de gatorade! Por que coloquei mate na tampa da garrafa e dei pro Marcel tomar, e na seqüência tentei beber no bico da garrafa o chá.
É claro que caiu chá pra tudo quanto era lado.. na minha balaclava, na minha luva e uma atitude tão simples e burra começou a congelar seriamente a minha mão (luva 2º pele) e minha balaclava. Sentia meus dedos DOEREM intensamente de tanto frio pois o chá que caiu na luva congelou diante de uma temperatura baixa que fazia, o que me levou a tirar imediatamente a minha primeira camada de luva. A balaclava coloquei a parte que cobre a boca, pra baixo do queixo solucionando o problema.
Segui adiante somente com o meu par de luva grosso, de alta montanha o que pra minha sorte foi suficiente.. pois sinto muito calor nas extremidades enquanto ando. O Marcel foi muito, mais muito persistente, ele não falou em nenhum momento sobre desistir! Ele estava extremamente cansado, mais já havíamos passado ao lado do Pirâmide Blanca e estávamos sentido Tarija.
Ele sabia que se ele chegasse no Tarija, ele poderia ficar e deixar eu e o Alex seguirmos sentido Alpamayo por que o Nico e outras 3 pessoas estavam na frente.. e voltariam logo; Então ele fez um esforço do qual eu não vou me esquecer: ele comentava comigo que sabia que aquilo era importante pra mim e apesar de eu dizer que estávamos com ele, apesar dele saber que poderia desistir sem ao menos chegar no Tarija, eu sei que ele se esforçou muito por ele e por mim.
A subida do Tarija era relativamente íngreme, e aos poucos fomos conquistando. O sol foi nascendo por detrás da montanha.. não conseguimos ver ele despontar no horizonte, mas percebemos o dia clarear. Subir o tarija era depositar toda a minha ansiedade em ver pela primeira vez o Pequeño Alpamayo. Pois ainda não tinha NENHUMA visibilidade desta montanha. Fui chegando aos poucos no cume do Tarija e ao chegar.. fiquei estasiada!


Ver o Pequeño Alpamayo era algo Surreal. Toda vez que me lembro dessa imagem sinto meu coração desrritimado.. Ele é simplesmente Lindo. Exatamente como vira na internet, todavia, naquela hora era Eu e o Alpamayo: frente à frente, diante dos meus olhos! Eu estava o conhecendo pessoalmente.
Minha gratidão ao Marcel vai ser eterna! Ele poderia ter desistido do Tarija sem duvidas! Ele poderia ter abortado com todo o direito dele! Mais ele fez diferente, comprou a briga por mim e lutou pra chegar até o Tarija e com um tom de “missão cumprida” ele falou: “Gente, daqui eu não passo, eu vou ficar por aqui, vai La mocinha! ” me deu um abraço de amigo me desejando boa sorte.


Eu e Marcel no Cume do Tarija.
Eu sou Imensamente grata ao Marcel, um cara coração, gente boa.. e que mal me conhecia. Fez tudo isso por ele e por mim demonstrando grande garra em conquistar um cume: o Tarija. E aqui quero deixar meu agradecimento público à essa peça-chave da conquista ao Alpamayo!
De lá do Tarija pudemos enxergar o Nico mais 3 pessoas escalando o alpamayo em sua parte final próximo do cume.


Como o Marcel iria ficar alguns minutos parado no Tarija, fiz questão de deixar minha garrafa térmica com mate quente pra ele se aquecer.. ele com certeza sentiria mais frio do que eu, deixei meu bastão e segui sem água, apenas com 2 pioletts (o meu e o do Marcel) e minha mochila de ataque contendo protetor solar, uma bandeira e minha máquina fotográfica.
Desescalamos o Tarija onde há uma parte de rocha, lembro-me das garras dos grampones entrando em atrito com a rocha.. nossa! Como aquilo me dava aflição! Rs


Pé na neve e eu estava na base do Pequeño Alpamayo: me sentindo como uma criança de ingresso nas mãos ao maior parque de diversões da cidade! Eu estava explodindo por dentro e o Alex percebia isso! Se alegrava comigo e me motivava cada vez mais a subir!
De Forma quase que mágica, eu estava ótima fisicamente! Só meu coração que parecia que ia explodir de felicidade em cada passo que eu dava no Pequeño Alpamayo! Pra mim.. é claro que eu queria chegar no cume.. mais cada passo ali naquela montanha tinha um gosto diferente!
Foi aí que senti da maneira mais literal aquela frase clichê que todos usam: que o prazer não está no cume e sim no caminho; Ali, isso se fez verdade em mim. Escalar passo à passo naquela montanha.. era como dedilhar minha musica preferida no violão.
O Alex sempre me mostrava técnicas novas de como proceder nas ascensões, e eu prestava o máximo de atenção para aprender e absorver tudo o que ele me ensinara.
Outra coisa que eu estava achando o Máximo: escalarmos o P. Alpamayo pela crista... eu adoro andar pela crista da montanha.. era coisa de: escorregou pra direita.. caiu.. escorregou pra esquerda: caiu, é fantástico e exige um pouco mais de atenção.
Eu estava à mil e o Alex percebeu isso, disse que eu estava BEM melhor e foi nesse clima de felicidade que fomos alcançando os últimos lances. Me encontrei com o Nico que acabara de fazer cume.. conversamos brevemente e ele seguiu descendo a montanha de encontro ao Marcel para retornarem à base. Nos últimos 200m próximo ao cume, existe uma parte mais técnica onde eu estava presa somente pelos meus grampones e piolets na parede de gelo e uma corda presa entre eu e o Alex.
Me concentrei ao máximo para fazer movimentos precisos e segui focada no que eu estava fazendo: cravando firmemente os dois piolets (garantindo 2 apoios das mãos), e dando o próximo passo acima. Cravando firmemente os grampones (garantindo 2 apoios dos pés) para me dar estabilidade de firmar os piolets um lance acima.


Lembro de quando olhei pra cima e estava à metros do cume, a alegria de me sentir inteira do Alpamayo era absurda.. mais ainda quando eu me aproximara do momento mais esperado da viagem: fazer o cume do Alpamayo, era mais que uma gana, status, febre de cume ou qualquer coisa parecida. Era como ter o Alpamayo só pra mim, ou de alguma forma ser totalmente dele naquele instante, tendo uma intimidade no qual esperei e desejei por muito tempo. Quem corre atras do que quer, e consegue, talvez possa entender o que senti.
O Alex subiu e eu perguntei: “aí é o cume?” ele respondeu “si! Venga Isabelle!”
Quando cheguei no cume, apesar de estar explodindo por dentro de alegria, minha reação não foi eufórica, pelo contrário.. não gritei.. não fiz nada.. a primeira coisa que naturalmente fiz foi cair de joelhos e demonstrar pra mim mesma o respeito que tenho por essa montanha.


Fazia um frio absurdo acompanhado de vento relativamente forte e sol. Fechei meus olhos e agradeci à Deus por ter conseguido chegar até ali. Me passavam zilhões de coisas na cabeça, vinha tudo o que eu passei pra estar ali, todo o meu sonho de estar naquela hora, naquele lugar, cada incentivo que recebi das pessoas com o episódio do Huayna e uma frase que eu escutei antes de viajar, quando perguntei ao Davi Caetano se eu seria capaz de subir o Pequeño Alpamayo, Ele me respondeu: "Se eu tivesse que apostar em você, apostaria que vc consegue." Essa frase ecoou por muitas vezes durante minha ascensão e se fez importante pra mim.


Impressionante era ver as outras montanhas face à face..encarando de frente e do alto. O Condoriri é lindo visto de cima.




O Alex me deu parabéns.. e eu agradeci ele aos montes por ter me encorajado e acreditado em mim quando eu já estava descrente da minha capacidade em alta montanha.
Tirei meu capacete, minha balaclava pra fazer umas fotos, tentei gravar vídeos no cume.. mas todos saíam errado.. cortados.. e o único que consegui fazer, não é muito audível por que fazia muito, muito vento só dá pra escutar no final depois que eu falei o sermão da montanha o meu “Obrigada” rsrs mas valeu as imagens!


Como disse, o vento era forte.. e La em cima fazia muito frio! Beirava por volta dos -18 graus e minha orelha começou a pedrificar, mal a sentia.. o Alex fez algumas fotos minhas e em seguida me chamou para que eu assinasse o livro do cume.
Um livrinho simplesinho.. pequenininho enrolado em um plástico que ficava debaixo de umas pedras contendo as escritas em sua capa: “Entonces el Dios del amor y La paz permanecerá con ustedes”. Escrevi brevemente no livro e nos preparamos para descermos.




Quando estava a poucos metros abaixo do cume.. me lembrei que queria muito alguma pedra de recordação, então na parte onde estávamos desescalando, me protifiquei de pegar algumas pedrinhas que estavam próximas a mim e colocar seguros dentro do bolso do meu anorak. As tenho guardadas até hoje.
Fomos descendo com atenção redobrada e uma certa parte, havia possibilidade de rapelarmos para descermos mais rápido e assim fizemos. Descemos de forma rápida o Alpamayo e logo estávamos na base to Tarija. 






Paramos para descansar e eu disse ao Alex que precisava muito fazer xixi! Rs ele se afastou e eu tive o xixi mais rico da minha vida..de frente pro Pequeño Alpamayo kk.
Subimos, eu peguei o meu bastão que havia deixado lá e seguimos adiante, descemos o Tarija e já na rampa final o Alex perguntou por quanto eu venderia meu óculos da Jumbo.
O Alex tinha um óculos da Hot Wheels, JURO POR DEUS! Era quase de brinquedo, amarelo, Aquilo e nada.. acho que talvez fosse melhor ele estar sem óculos mas era tudo o que ele tinha. Infelizmente as agências em geral não investem em equipamentos bons para os guias.. e neve é algo sério quando se transita freqüentemente. Sem apegos dei o meu de presente pra ele, sei que ele precisaria mais do que eu.


Ao sairmos da parte nevada, encontramos com 3 equatorianos que nos viram no cume, eles também tentaram fazer o Pequeno alpamayo mas confundiram o Tarija com a Piramide Blanca, então abortaram e deixaram pra fazer no outro dia. Peguei minha bota de trekking que havia deixado lá.. tiramos os equipamentos de neve, guardamos na mochila e seguimos andando sentido acampamento.
No caminho pude encontrar o Marcel que estava andando na boa.. devagar curtindo o caminho. O Alex foi na frente com a minha camera pois estava preocupado em fazer nosso almoço.


eu e o marcel retornando ao acampamento conversando.
O Marcel tava um pouco triste.. mas conversamos bastante.. e ele foi mto guerreiro em conseguir chegar até o tarija!
Chegamos no acampamento e almoçamos, o Nico estava de saída, desarmou o acampamento dele e seguiu sentido tuni enquanto a gente se quedaria mais uma noite por lá. Fomos para o chiarkota pescar trutas para o jantar. O Alex pescou 3 trutas o que nos garantiu um jantar divino e mto bem temperado!!




Depois do jantar.. ficamos deitados numa pedra próximo à nossas barracas. O condoriri não havia luz elétrica.. ali existia apenas o céu forrado de estrelas e nos colocamos todos a observa-las, eram muitas... fora do padrão.. talvez por que estavamos em um lugar alto.. não sei!
Sei que era tanta estrela que algumas se mexiam.. e enchergavamos elas se mexendo a olho nu, o Alex disse que provavelmente eram Satelites móveis que pareciam com estelas que se moviam no céu.
Depois de muita prosa, cada um Foi pra sua barraca ter uma merecida noite de sono.



Sábado, 30 de julho de 2011
Acordei com o Sol nascendo por detrás do pico Agujas Negras, abri uma fresta da barraca e fiquei olhando de camarote enrolada no meu saco de dormir aquele nascer do sol fantástico. Notei que a noite fez tanto frio que a minha água que estava em uma garafa de plástico havia congelado.
Tomamos café da manha.. ficamos lá de bobeira, almoçamos, arrumamos nossas coisas e seguimos sentido Tuni. Esperamos um carro que iria nos levar novamente à La paz.
Chegando em La Paz eu e o Marcel fomos ver o que daria pra fazermos juntos no dia seguinte, ficamos em duvida entre o Downhill na estrada da morte ou o Salar de Uyni, mas como tinhamos acabado de chegar de viagem.. achamos melhor agendar o downhill do que viajar novamente naquela mesma noite para uyuni seria um tanto quanto cansativo.
Fechamos o downhill para o dia seguinte, e encontramos na rua um cara de rosto familiar vindo em nossa direção e sorrindo.. depois de um tempo olhando pra ele me toquei : Era o Nico! Rsrsrs as pessoas de banho tomado ficam quase que irreconhecíveis! Rs então marcamos de jantarmos juntos.
Cada um foi para o seu hostal, eu para o Onkell in, o Marcel para o Copacabana e o Nico para o Loki, e nos encontramos na calle Illampu as 20h para comer aquela pizza da boa e tomarmos uma cerveja gelada.
Tivemos um jantar agradabilíssimo, nos despedimos do marcel o Nico me acompanhou até o taxi e foi a ultima vez que eu o vi, já o Marcel me encontraria no dia seguinte para seguirmos juntos à Coroico.

quinta-feira, 13 de outubro de 2011

Bolívia - Huayna Potossi [Minha Primeira Experiência em Alta Montanha]

Sobre o Huayna Potossi eu sentei e chorei, mas aprendi.



Domingo, 24 de julho de 2011

Acordei um pouco atrasada.. engoli o café da manhã no Hostal, peguei minha mochila e tomei um táxi até a calle Illampu onde deveria me encontrar com o pessoal sentido Huayna Potossi.
Conheci meu guia Lorenzzo, os Belgas Timy e Nile e o Brasiliense Rafael Pereira na sala da Agência da Hiking Bolivia.


Timy, Nile, Eu e Rafa

Provei alguns equipamentos que me faltavam e entramos na van onde desenvolvemos algumas conversas tímidas entre os belgas..e desembestei a falar em português com o Rafa..
Paramos pra comprar ÁGUA e chocolates.. chocolates são mto bons para montanha pois além de deixar a garganta lubrificada evitando que ela fique seca, com tosses.. e maior cansaço, ele repõe a energia que vc perde na caminhada.





Huayna Potossi

Chegamos ao primeiro acampamento situado na base do Huayna Potossi por volta das 13 horas da tarde à exatos 4.800 m de altitude. Haviam outros montanhistas por lá.. o banheiro era do lado de fora do abrigo.. deixamos nossas mochilas na parte superior do Refúgio (bem aconchegante por sinal), almoçamos uma comida gelada, nos trocamos e fomos para o nosso curso de gelo!!


Refúgio Base do Huayna 4.800m

Parte superior do Refúgio onde dormimos


Dentro do Refúgio, nos arrumando para seguir ao Glaciar



Primeiro contato com o Huayna Potossi


Glaciar onde tivemos o Curso no Gelo


Nos dirigimos para um glaciar onde tive o meu primeiro contato com grampones, andar com aquelas botas rígidas, e com a neve. sim.. nevou um pouquinho durante o nosso curso, pareciam isoporsinhos caindo do céu.. que em seguida se derretiam e transformavam-se em água.


Bem.. "Sou brasileira e nunca vi neve" à parte, começamos nosso curso!
Tivemos dicas de como andar em verticalidade.. como lidar com o piolett, como cravar os grampones.. como escalar e desescalar etc.












Segue um vídeo PAPELÃO desse curso! kkkkkkkkkkkkkkk desabei do glaciar e Senti o coração vindo parar na boca kkkkkkkkkkkkk



Fiquei Depois com tanto medo de cair novamente.. que no final do vídeo eu já estou no chão.. poderia ter saído andando.. e faço o contrário..  to quase deitada.. ainda fincando o piolett no gelo kkkkkkkkkkkk olha, um papelão atrás do outro.. kkkk e o Rafa filmando tudo.. rs


Depois deste curso no gelo retornamos ao refúgio base com uma caminhada de mais ou menos 40 minutos se naõ estou enganada.

No Abrigo, ficamos deitados um pouco até sair o jantar.. um macarrão maravilhoso.. quentinho.. e mto mate de coca! o pessoal estava super animado.... jogando UNO.. ganhei a primeira partida.. e logo fui dormir enquanto todos continuaram lá.

Segunda Feira, 25 de Julho de 2011

Acordei de madrugada.. pelo menos umas 400 vezes querendo muito.. mais muito mesmo fazer xixi, mas só de pensar no frio que deveria estar lá fora.. do barulho que eu ia fazer até colocar todas as minhas roupas, e no banheiro que ficava a "LEJOS",  tentava trapacear enganando minha bexiga e dormia denovo. Acordava mais apertada! kkk e esse ciclo se repetiu diversas vezes.. até o Rafa acordar também.. ele falou que tava apertado kkkk entaõ descemos por volta das 7h da manhã para fazermos nossas respectivas necessidades fisiológicas número 1 rsrs.

Vista do banheiro que ficava do lado de fora do refugio, e ao fundo a pontinha do Huayna Potossi.

Depois de tomar café.. enrolamos um pouco, arrumamos nossas coisas.. e a Nile começou a passar mal do estômago.. mas continuou firme e nos dirigimos ao segundo acampamento, o acampamento alto que fica no meio da montanha por volta das 13 h da tarde.

Minha cargueira com aprox. 20kg 


Sentido Campo Alto


A caminhada era MAMÃO COM AÇÚCAR.  BICO BICO.. uma subida tranquila.. a única coisa que pesava era a altutide.. afinal estava alcançando os 5.000m de altitude pela primeira vez na minha vida, e carregando 20kg somente de equipamentos na cargueira (só o necessário: algumas roupas, saco de dormir, botas de gelo, grampones, piolett, água e acessórios.)

Caminhamos por volta de 3 horas até o campo alto, o Rafa foi na frente com os guias.. eu fui sozinha e o Lorenzzo ficou com a Nile e o Timy pois estavam passando mal e caminhando lentos.

Belgos passando mal

2º refugio - huayna potossi - Campo alto


Chegando no 2º Refúgio



Achei o Refúgio Alto Maneirissimo!!! As paredes todas pixadas por montanhistas de toda parte do mundo.. trazendo desabafos, histórias, piadas em todas as línguas e bandeiras de todos os lugares.










O Banheiro tinha o estado LAMENTÁVEL kkkkkk Com todo o respeito.. cara.. tive que tirar foto.. rsrsrs As pessoas tem que ter noção das coisas que eu passei!


Sim! é um balde! rsrs

é.. eu tive que dar um zoom só pra vc imaginar o cheiro rsrsrs  


Conheci 2 brasileiros de São Paulo que estavam independentes e pretendiam fazer cume no mesmo dia que eu. o Timy começou a passar muito mal,  teve até febre.. e a Nile melhorou.
Jantamos por volta das 18 horas e fomos dormir super cedo.






Vista da janela do refugio no momento que fomos dormir.. ainda estava claro.


O Plano era o seguinte: Acordaríamos meia noite, nos arrumaríamos, comeríamos uma coisa leve para partirmos à 1h da manhã. A média de ataque ao cume são de 5 horas de caminhada.. chegando ao nascer do sol as 6h da manhã.

Fui dormir ansiosa.. como uma criança que espera a excursão da escola na 3º série do primário! rs!

Terça Feira, 26 de Julho de 2011

Acordamos meia noite com o refúgio todo escuro, head lamps ligadas, uma movimentação discreta dos montanhistas pela casa e começamos a nos arrumar.
o Timy ainda passara mal, a Nile iria atacar o cume com o Lorenzzo; eu e Rafael iríamos na mesma corda com o Guia Álex.



Tomamos um Mate de coca e saímos um pouco atrasados.. aproximadamente 1:30am.

eu e Rafa em ataque ao cume - Inicio


Fazia muito frio.. aproximadamente -10 graus, um vento forte e gelado mas as nossas roupas impermeáveis e corta vento realmente eram mto eficientes e não nos deixaram sentir um frio exarcebado. Colocamos nossos grampones e saímos pela escuridão do Huayna Potossi. Era possível apenas enchergar em todo o breu.. algumas luzinhas que se perdiam no meio do caminho.

Seguimos Despassio y siempre! Em passos devagar porém constantes garantindo um bom ritimo e fazendo com que nosso guia nos elogiasse. Por ser minha primeira montanha.. aquelas botas eram muito pesadas.. e aqui deixo uma ressalva:

Fazer montanha no Brasil não tem absolutamente nada a ver com fazer alta montanha! rsrsrs
Fazer montanhas no Brasil como treino para alta montanha, é muito valido.. mas para garantir a sua condição física e resistência corporal, mas em questão de técnica.. no Brasil vc usa uma bota.. super leve.. em alta montanha vc está com uma bota extremamente diferente... rígida, pesada em relação à bota que usamos no Brasil, ainda temos que separar energia para cada passo onde temos de fincar os grampones na neve e retirar os pés da neve a cada passo ciclicamente. É realmente um esforço maior em neve e precisamos acostumar o nosso corpo e pernas à esse pesado gasto de energia.

Senti meu corpo no começo.. pois estava um pouco mais de 5.300m de altitude.. com botas pesadas.. tornando dificultoso meus passos em neve, eu estava cansada por causa da altitude.
Quando ouvia falar de altitude.. imaginava um ar rarefeito.. quase que uma FALTA DE AR em plena alta montanha.. algo um pouco mais desesperador.. kkk (um drama puro da caloura por falta de conhecimento no assunto), mas na realidade.. quando estamos sob altitude.. conseguimos respirar normalmente.. mas pela ausência de oxigênio.. é como se ficassemos cansados muito fácil... essa é a real: o nosso corpo fica cansado de forma precoce.. por pouca coisa.. eu dava 5 passos e parecia que tinha feito uma maratona de 3 dias seguidos.. kkkk tendo que descansar por 10 segundos e acredite: A caminhada desta montanha não é técnica..  comparada à caminhada do Brasil, é muito, mais muito fácil!!! porém temos a questão da ALTITUDE o que torna a situação completamente diferente!

O ritmo diminuiu um pouco.. mais continuamos constantes e atingimos 5.500 m de altitude, eu estava sentindo apenas um cansaço. Em hipótese alguma  eu pensava em desistir.
Mesmo sentindo aquela experiência toda de Altitude, sentindo duramente no corpo o contraste de andar na neve e fazer montanhas no Brasil.. desistir do cume jamais estaria nos meus planos. Eu sabia que chegaria ao cume..

Imagine.. Aqui no Brasil.. por mais que seja muito difícil, eu NUNCA desisti de uma montanha... isso na minha cabeça não existia! Ora, como pode iniciarmos uma montanha e não terminarmos ela? Mesmo que a façamos devagar.. uma hora atingimos nossa meta.. e foi assim que segui adiante.. com um propósito firme de conquistar o Huayna Potossi.

Aos 5.600 eu comecei a sentir uma leve pressão em minha cabeça. Paramos para comer um chocolate.. tomarmos uma água.. e percebi que o cano do meu camelback (mesmo que enrolado em um fleece) congelou parcialmente. O ideal mesmo é comprar uma garrafa térmica e levar uma bebida quente para tomar, afinal, água gelada também não é uma das melhores bebidas no meio da neve não é mesmo?.. rs

5.700 comecei a sentir vontade de vomitar.. passar um pouco mal.. e o guia perguntava se queria voltar.. eu dizia Firmemente que "NÃO.!". Durante o caminho passaram umas 3 duplas de homens que estavam passando mal e estavam retornando ao refúgio desistindo do cume! Mas nós seguíamos em frente sob o silêncio do cansaço, porém animados e conversando em alguns intervalos.

Consegui chegar até os 5.850m, mas estava parando demais.. passando mal.. com dor de cabeça forte.. e dor no estômago..querendo vomitar.

O Sol ja estava nascendo... me recordo desse momento com muita precisão. Foi uma das visões mais bonitas que tive: ver o sol nascer de uma montanha nevada.. e os raios sutilmente refletindo naquele branco.
O sol despontando, eu parada em pé.. apoiada no piolet cravado na neve, descansando, ja estávamos enxergando o cume, então meu guia Álex disse: "No se puede seguir adelante porque hay partes en la Cumbre con el roca y cuando sale el sol, el hielo se derrite y se convierte en agua, es muy peligroso después que sale el sol. Estamos muy lentos, y Isabelle, estas enferma, lo mejor que podemos hacer es volver."

Fiquei muda.

Não conseguia dar uma resposta positiva pro Álex.. não conseguia falar "Tabom.. vamos dar as costas para o cume!" aquilo não fazia parte dos meus planos.. e apesar de estar passando mal, eu estava ali pra fazer o caminho inteiro, estávamos a 230m do cume e abortar não era a minha idéia.



Depois de talvez 2 ou 3 minutos calada.. o Rafa falou que não teria problema nenhum em voltar (talvez ele tivesse receoso de que eu não estivesse querendo voltar por que não querer estragar sua ascensão.. entaõ ele tentou me deixar confortável).

Simplesmente a coisa mais dificil foi abrir a boca para concordar com a volta.

momento em que decidimos retornar ao refugio.

a parte rochosa é o cume. estavamos avistando o cume

Mas foi aí que recebi um dos maiores ganhos da viagem: o aprendizado da DICIPLINA de um montanhista. Era fora de lógica continuar a ascenção naquelas condições. Como o Guia Álex Havia dito, o sol já estava nascendo.. fizemos a montanha de forma lenta devido a altitude, era perigoso prosseguir com o sol nascendo por que enfrentariamos depois uma parte de rocha e neve derretida, o nosso desnível do Campo alto até o cume foi  de quase mil metros em ALTITUDE, e foi algo muito agressivo para o meu corpo que estara em altitude pela primeira vez.

O ideal [calouros. aprendam com a minha experiência, ou com o meu fracasso rs] era fazer uma montanha de 5.500 baixar.. e então depois tentar o Huayna Potossi, naõ ir de cara em uma montanha de 6.088m desnivelando de uma vez só 958m (saindo dos 5.130m) sem nenhuma aclimatação anterior em grande altitude! Bom .. tive que aprender isso na pele!!

Bem, concordei com a volta.. mesmo sem querer, temos que ser racionais, maduros o suficiente de ouvir um guia experiente e saber o limite do nosso corpo, a montanha é Senhora, e não pode ser desafiada! Voltando.. passando mal.. eu me lembro claramente.. naõ sabia se o que me doía mais era a cabeça.. o corpo ou o coração.

Disse em minha nota no facebook "Honestamente! Eu nao acreditava que estava voltando! Nao sabia se o que me doia mais era a cabeca ou o coracao.. me vi frustrada naquela imensidao de neve, na Imperiosidade do huayna Potossi, e la nao me contive: Eu sentei e chorei! Eu realmente nao acreditava que estava voltando para o campo alto, mas sabia que se continuasse, talvez passasse muito mal e tinha que confiar no meu guía, era o que me restava."

Ao chorar.. lembro-me das palavras desse meu grande guia que me foi um conforto imenso, ele me falou com grande sabedoria: "No llores, no te pongas triste.. por que la montana siempre estará aca! Tu puedes Isabelle.” acho que nunca vou me esquecer disso.





ao fundo descendo uma dupla que desistira antes de nós.

Gretas pelo caminho

kkkkkkkkk essa foto eu to parecendo o diabo.. kk minha cara de decepção ta explicita

sob o lindo huayna potossi

Voltamos ao acampamento alto e eu ainda estava um pouco mal, porém melhorando, meu nariz sangrou e tomei um remédio pra dor de cabeça que o Rafa me deu e me deitei por vinte minutos. Acho que ninguém nunca vai saber o que sentí naquele dia. Me sentía extremamente frustrada, eu que tinha passado tão bem duarante a viagem toda.. não tinha sofrido UMA dor de cabeça, nao sofrera nada de altitude, durante a ascenção dos 5.130 aos 5.850 fiquei mal!

De 5 brasileiros que estavam la, 2 homens paulistas, 2 homens brasilienses e eu mulher, paulista, nenhum atingiu cume: eu, um paulista e um brasiliense sofremos nesta mesma faixa de altitude e seus companheiros de montanha regressaram juntos. Ah! e A NILE CONSEGUIU!!!!!!! junto ao Lorenzzo!

Uma das coisas mais bonitas da montanha é o companherismo.. aqui deixo meu agradecimento público ao meu guia Álex e principalmente ao meu Companheiro Rafael Pereira Lima onde em momento algum foi incompreensível comigo, pelo contrário! foi muito parceiro e demonstrou grande hombridade em apoiar nossa descida.

Ao acordar, estava toda descabelada.. frustrada.. chorando direto.. rs e resolvi documentar aquele episódio da viagem



Almocei e arrumei minhas coisas para retornar para La Paz. fui para o térreo do refúgio e me coloquei a chorar quieta no meu canto.. sozinha em um cômodo do refúgio enquanto amarrava o cadarço de minhas botas, o Álex chegou e foi conversar comigo.. entaõ perguntei pra ele se eu seria capaz de subir o Pequeño Alpamayo, nessa hora eu ja estava descrente da minha capacidade corporal de subir alta montanha e ele me assegurou que faríamos cume juntos! disse para que eu confiasse nele, que tudo daria certo! Entramos na Van. Fui dormindo meio cabisbaixa deitada, ocupando uns 3 lugares da Van.. e ao chegar na agência, só de olhar para a esposa do Juan comecei a chorar! kkk

Aquele assunto me entristecia de uma forma Tão grande! sem contar que eu tava de TPM! kkkk aí com todo o perdão da palavra: do Jeito que eu tava e ainda de TPM??? FUDEU NÉ! kkk juntou a fome e a vontade de comer.. rsrs coitado de quem tava do meu lado!

Ao  me ver chorar o Juan me disse que eu conquistei uma grande marca, e que muitas montanhas ficam com o cume inferior aos 5.850m, o Pequeño Alpamayo por exemplo fica a 5.420. E que muitos brasileiros não chegam nem ao campo alto. Outros montanhistas brasileiros de renome, retornam a Bolivia várias vezes pois nao conseguiram fazer cume de primeira em montanhas menores.

Pensei em desencanar de alta montanha, neve e tudo mais. Mas Eu  amo a montanha, e não vou desistir. Penso que como numa escalada, as vías difíceis não se conquistam sem experiência. Muitas vezes tomamos uma vaca, mas só encadenamos se formos persistentes. Na verdade a persistência é quem nos leva próximos da perfeição. Foi então que decidi em fazer o Pequeño Alpamayo SIM.

Era uma terça feira, decidi descansar na quarta e marcar a saida para o condoriri na quinta.
Eu e o Rafa estávamos mortos de fome.. e decidimos de mochila, sem banho nenhum entrarmos num restaurante e comer! Entramos em um restaurante mexicano e depois de tanta decepção.. o que me restou foi uma Paceña! kkkkkk







O Rafa foi para o Hostel Onkel in comigo.. se hospedou por lá tambem..


Haviamos marcado de sair a noite com os brasileiros que conhecemos no Huayna, eram eles o Marcos e seu amigo Luis Fernando, fomos novamente para o Mongos onde me acabei de dançar Salsa com a Maya (a convidei quando cheguei no hostal)!!

Rafa, Maya eu, Luis Fernando e o Marcos

Quarta feira 27 de julho de 2011

Acordei GRIPADA e agora? e o Medo de subir o Pequeño Alpamayo e me dar alguma coisa? uma gripe mal curada.. naõ sei o quanto isso me afetaria em Alta Montanha.

Tirei essa quarta Feira para descansar em La Paz, Fiz uma nota no meu facebook com um ligeiro sentimento de vergonha ao dizer que não conseguira fazer o Huayna Potossi.. mas em troca recebi muito apoio.. muito carinho de todas as pessoas!!! pessoas próximas.. outras nem tanto.. porém todas com o ponto em comum: me apoiando e me dando forças pra ir com tudo para o Pequeño Alpamayo!!

Todos diziam que era normal voltarmos no meio do caminho.. que devemos ser prudentes e que chegar aos 5.850m de altitude era uma grande marca e motivo de muito orgulho! me senti muito.. mais muito confortada pelo apoio de todos! deixo aqui o meu "muito obrigada" novamente à todos.. foi realmente muito importante de verdade escutar todas aquelas frases de incentivo.. num lugar onde estava sozinha e triste numa semana de TPM rsrsrsrs e com certeza fez toda a diferença para a próxima montanha!

Organizei também todas minhas fotos.. e saí por La Paz com o Rafa para fechar o pacote do Pequeño Alpamayo e comprar todos os remedios possiveis para curar a minha gripe. Comprei por indicação da Miroslavia (mulher do Juan) o Tapsan que é como um naldecon, mel e limão.. fiz todas as receitas da minha vó.. para curar essa gripe!!

Depois de um dia meio "Pantufa" fui dormir torcendo para que eu acordasse melhor para seguir ao Condoriri e enfrentar o mais temido desafio agora: a Altitude e o Pequeño Alpamayo.